FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE

FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE
FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE. Fundada em 11/12/2010. sobac.bacamarte@gmail.com . Fone: (81) 98683-7120 (whatsapp) e 9.9750-3564. Para acessar o Museu do Bacamarte, clic na foto acima.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bacamarte em Pernambuco
“Em 1964, oito homens, estimulados por um mecânico habilidoso, inauguram na paisagem cabense ‘uma brincadeira’ que ali ninguém conhecia”. Com estas palavras, o acadêmico pernambucano, Olimpio Bonald Neto inicia em parte de sua pesquisa, incentivada pelo então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS) e publicada em seu boletim de número 12, em separata, no ano de 1965, tratando do surgimento da brincadeira, denominada Bacamarte, no Cabo de Stº Agostinho. Dois anos depois a pesquisa toma forma de livro e é lançado pela Editora Arquimedes do Rio de Janeiro, dedicando três de seus capítulos à história do bacamartismo nas terras encontradas pelo navegador espanhol Vicente Pinzòn em janeiro de 1500.
Não seria por acaso que Olimpio Bonald destacaria a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo - SOBAC. O poeta e ensaísta, com sua sensibilidade antropológica, já pressentia a importância estratégica da SOBAC para a permanência e adequação daquele folguedo aos tempos modernos. E a estratégia demandada foi montada pelo torneiro mecânico José Alves Bezerra – o Zé da Banha -, um imigrante da cidade de Altinho, atraído para as plagas cabenses pelo recorrente desenvolvimento da indústria.
Surgia então, em 1º de maio de 1966 – a data também não é coincidência – a primeira organização bacamarteira com perfil operário, inovando com a criação de estatuto e regimento, constituindo-se como pessoa jurídica, qualificando técnica e esteticamente o equipamento de detonação (os bacamartes), implantando o grupo de primeiros socorros e, até, criando uma escola específica para filhos de bacamarteiros. Um grupo jovem que, ancorado na organização, projetou-se como exemplo para todo estado de Pernambuco e ocupou espaço nas programações joaninas da capital pernambucana, popularizando ainda mais o folguedo predominantemente sertanejo e agrestino.
Passam-se anos, décadas, século e os homens – agora também mulheres – vestidos de zuarte, que trocaram a guerra pela festa, permanecem firmes com suas pesadas reúnas que escrevem, com seu estrondo, o código identitário desta nação guerreira alcunhada de Leão do Norte.
Como predestinada à vanguarda do bacamartismo, a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, retoma em 2007 suas responsabilidades originais e, novamente com apenas oito homens, organiza o Na Pisada do Bacamarte, uma inspiração de Marcelo Varela, com patrocínio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, reocupando com vários grupos o cenário da capital, depois de mais de 20 anos de ausência; cria a primeira inserção bacamarteira na internet com o blog www.bacamarteirosdepernambuco.blogspot.com * ; puxa, junto com bacamarteiros de Abreu e Lima e Bonito, as primeiras reuniões de fundação da Federação Pernambucana de Bacamarte; aprova, pela primeira vez através de edital público de incentivo, o projeto de Ponto de Cultura Bacamarte: Tiro da Paz, onde reinicia um processo de reestruturação do grupo, oferece oficinas de pífanos, xaxado e percussão, além de um curso de informática objetivando a inclusão digital de filhos de bacamarteiros, na maioria dos engenhos cabenses e, acossada por ações policiais e judiciais que levaram à prisão o mais importante artesão de bacamarte do Brasil, o mestre Lenilson Ferreira da Silva e apreensão de reúnas, abriu discussão com parlamentares, com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com o Ministério da Cultura (Representação Regional) e com o Exército Brasileiro a fim de dirimir os equívocos provocados pela falha legislativa de não incluir na redação final do Sistema Nacional de Armas (SINARM) o brinquedo folclórico pernambucano. A partir de uma reunião em Caruaru, solicitada pela SOBAC, o Exército, representado pelo Ten.Cel. Nogueira e o Ten. Arlindo, com a presença de dois policiais federais e várias lideranças bacamarteiras de várias regiões do estado, deu início a criação de uma Instrução Regional que tramita, no momento, em instâncias responsáveis por sua avaliação e que, se deferida, porá fim, definitivamente, às más interpretações que confundem mestre da cultura popular com bandidos.

Ivan Marinho
Professor, especialista em Economia da Cultura pela UFRGS.
Membro da Academia Cabense de Letras.
Este artigo foi tirado do blog bacamarteirosdepernambuco e foi publicado no ano de 2009.
*o blog www.bacamarteirosdepernambuco.blogspot.com foi pirateado e se encontra sob domínio desconhecido.

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